Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o ato de consumir sugere a aquisição de bens de consumo, sendo que, do exagero dessa prática, vem o consumismo. Interessante como se amplia para o mesmo vocábulo os seguintes significados: enfraquecer, desgastar, mortificar, correr até a destruição. Talvez seja este o sentido literal para o termo consumir: destruição. Estudos indicam que se todos os países consumissem como os ricos, teríamos um colapso global, já que o planeta não suportaria tal demanda.
Nós jovens somos alvos desse contexto. Para nós está voltada a grande mídia, a qual cria uma cultura de busca pelo “ter” em detrimento do “ser”. O fascínio de possuir o carro do ano acalenta nossas mazelas temporariamente, porque logo aquilo perde o significado. Então, o mundo nos oferece algo novo e melhor. A euforia volta, mas passa; não alegra o coração. O círculo vicioso se infunde sem almejar plenitude, portando o egoísmo, a ganância, a violência, a frustação, a perca de referência, o desamor. A destruição.
Gosto muito das palestras do padre Léo. Sou jovem e cresci escutando o sacerdote nas manhãs de sábado; como muitos, fui cativado pela sua capacidade de apostolar um Jesus alegre. Em um de seus dizeres, comentava sobre o consumismo da maneira que lhe era peculiar. Relatava ele que gastar 700, 1 mil reais num par de tênis era ‘pecado mortal’.
Eu faço coro à voz do padre, que tem impactado a tantos mesmo após a sua morte. A valorização da casca reprime o conteúdo, tornando-o frágil e vazio. É projeto relativista da sociedade que desperta a torpe luta pelos prazeres, pelos ideais frouxos da tropa mais vigorosa: a juventude.